Autoconhecimento, em termos gerais, significa conhecimento de um indivíduo sobre si mesmo.
É uma prática, por vezes tímida e inconstante, que começa lá na infância quando, em certo momento, percebemo-nos separados de nossa mãe e do ambiente que nos cerca.
No decorrer de nosso crescimento e desenvolvimento – físico, emocional e mental – deveríamos nos dar conta, cada vez mais, de quem somos, como respondemos à vida, quais os nossos padrões de pensamento, emoções e comportamento e, se dermos sorte, perceber como esses padrões afetam nossa rotina e nossas relações com outras pessoas e com o meio em que vivemos.
Digo “sorte” porque, apesar de termos avançado sobremaneira nas disciplinas do desenvolvimento humano, boa parte da humanidade ainda não se deu conta de si e de seu papel no mundo. Estima-se que 30 a 40 por cento da população mundial ainda viva em “modo de sobrevivência”, ou seja, ainda não se observam ativa, constante e conscientemente e não percebem os impactos de seu modo de ser em sua própria vida e na vida de pessoas ao seu redor.
Posso dizer que me considero sortuda, visto que desde criança sentia um vazio interior e buscava as razões dessa sensação (papo que ainda vai render um post para o Minha Jornada). Considero essa busca o primeiro passo para meu autoconhecimento contínuo.
A vida não foi fácil pra mim, no sentido de não ser livre de situações complexas e adversidades e, confesso que até certa fase, eu atribuía toda a responsabilidade do que me acontecia exclusivamente ao externo, às pessoas com quem convivia, ao ambiente que me acolhia.
Atravessei momentos difíceis (relações abusivas, divórcio, falência, infertilidade, luto e mais) e foi através do autoconhecimento que pude entender que, mesmo que algumas causas não estavam sob meu controle, outras estavam e a forma como eu reagiria à todas elas era responsabilidade minha, só minha.
Sempre busquei ajuda em minha jornada, a primeira foi por volta dos 15 anos quando pedi ao meu pai que me levasse à uma psicóloga. De lá pra cá nunca mais parei de contar com apoio de profissionais especializados (terapeutas, consultores, coaches, líderes espirituais) além de contar com material de suporte como cursos, formações, livros, etc., para subsidiar meu crescimento.
O autoconhecimento nos permite descobrir nossas virtudes, qualidades, crenças, defeitos, pontos cegos, enfim… tudo aquilo que permeia nossas ações e reações e facilita exercitar a auto responsabilidade frente aos desafios naturais da vida, nos aproximando do controle e direcionamento assertivo de objetivos e decisões.
Quanto mais você se conhece – e usa esse conhecimento de si a seu favor – mais leveza e plenitude você alcança.
Ressaltei a frase acima por que o principal erro relacionado ao autoconhecimento é justamente não saborear seus frutos, ou seja, não utilizar as descobertas e percepções de si para algo maior do que apenas conhecer-se.
Conhecer-se é bom, mas usar o que se sabe sobre si é melhor ainda.
Se você ainda não incluiu práticas de autoconhecimento em sua rotina, aqui vão algumas dicas:
- Observe seus pensamentos, sentimentos e emoções sempre que possível. O ideal é tornar essa observação uma prática diária ou semanal, fazendo um scan em períodos do dia, colocando um lembrete ou alarme de celular no começo, pra não esquecer. Pergunte-se: como estou me sentindo agora? O que estou pensando e qual a qualidade deste pensamento?
- Identifique padrões de comportamento. Perceba como age ou reage às interações com outras pessoas ou em situações diversas. Existe uma resposta habitual? Você se comporta sempre da mesma maneira? E esses comportamentos ajudam ou complicam ainda mais as coisas? Seja honesta e compassiva para ter êxito nessa investigação.
- Descubra quais são as suas crenças e se possível, a origem delas. No que você acredita sem nem perceber que acredita sobre: dinheiro, relacionamentos, religião, trabalho, política, etc…? Essas crenças são positivas ou negativas? Você enxerga as questões das mais diferentes maneiras por que foi influenciado por alguém (pais, avós, amigos, colegas de trabalho…) ou por que vivenciou alguma experiência que direcionou suas crenças?
- Conte com apoio especializado. Demora um tempo para alcançarmos a consciência e disciplina de auto-observação e muitas vezes não sabemos o que fazer com o que descobrimos. A depender do estado / estágio em que você está, o auxílio de um processo de coaching, sessões regulares de terapia e programas específicos podem ser muito úteis e efetivos.
Dedicar tempo, recursos e energia de forma consciente para aprofundar o autoconhecimento traz benefícios imensuráveis para o ser e estar no mundo, para as relações interpessoais, para o sucesso profissional, para a vida como um todo.
Se você busca resultados diferentes dos que vem colhendo até aqui, o autoconhecimento precisa ser o próximo passo.