Em pleno 2019, ano em que esse post foi escrito, chega a ser hilário desejar responder à pergunta “Mas afinal, o que é procrastinação?” de forma diferente ou exclusiva em relação ao que já foi escrito por aí.
É muito óbvio te sugerir que, se por acaso ainda não souber o que é procrastinação, você busque no Google e não tenho dúvidas de que sua indagação será respondida com muita qualidade técnica e cientifica, por profissionais bem mais qualificados do que eu.
Mas então, por que cargas d’água eu resolvi me aventurar a respondê-la?
Por que desejo abordar o tema por outro olhar – pelo olhar do procrastinador – aquele que sofre constante e regularmente por conta deste mal.
A partir do momento que defino procrastinação como um mal, fica claro que a minha abordagem ao tema será a do “desejo de exterminação”, ainda que seja quase impossível realizar este feito a contento.
É que, cá entre nós, este hábito FOI tão prejudicial em minha vida, que é para pessoas que passam pelo mesmo problema que desejo falar.
Se você é um procrastinador eventual, agradeço sua visita e recomendo que você vá buscar consolo em outros autores.
Mas se você procrastina tanto a ponto de estar desesperado, sabe-se lá por qual razão caiu neste artigo e já ficou até aqui, fique um pouquinho mais. E volte sempre pois este será um tema recorrente neste espaço.
Então, sem mais delongas e após algumas pausas procrastinadoras para encontrar inspiração, aí vai:
A procrastinação é o ato de deixar para amanhã o que ontem você deixou pra hoje.
Procrastinar é escolher fazer algo mais prazeroso, inútil ou divertido agora ao invés de arregaçar as mangas e fazer algo chato, trabalhoso ou desgastante em prol do futuro – mesmo que seja apenas um futuro repleto de paz na mente e no coração.
Li em algum lugar que procrastinar é se motivar com o stress.
Procrastinação é o ato de sair para beber com os amigos ao invés de fazer aquilo que precisa ser feito e que vai te proporcionar aquela mudança de nível que você sonha acordado.
É também enrolar para fazer aquela ligação que, se supõe, vai gerar um conflito o qual você não está nem um pouquinho disposto a encarar. E vai deixando para depois, para depois, para depois. Procrastinadores enrolam tanto para tomar uma decisão que a necessidade de tomá-la se esvai. Ou vira algo bem parecido com uma bomba atômica.
Procrastinar é trabalhar muito, muito, em nome do que o trabalho proporciona pra nós (rendimentos, segurança, prestígio, etc…) a ponto de não ter tempo (mais uma desculpa) para dar atenção pra outras áreas da vida, como família, hobbies, espiritualidade ou contribuição social – e lá no fundo sentir um grande desconforto por isso. Procrastinadores em geral são bastante trabalhadores. Trabalham tanto que não se dão conta de todo o resto, dos sonhos, dos desejos e de toda a gama de possibilidades que suas vidas poderiam proporcionar.
Procrastinar é não cuidar da saúde preventivamente ignorando fatores de risco ou até aquele sintoma chatinho que surgiu há um tempo, em geral leve e insignificante, mas que é o primeiro aviso de uma doença grave e, por vezes, fatal.
Procrastinação é ato de deixar para amanhã o que ontem você deixou pra hoje. De novo, de novo e novamente, em um loop sem fim. Podem ser tarefas do trabalho, do cuidado com a casa, questões de saúde, DR’s com o mozão ou um texto para o blog.
Você identifica que procrastinou quando olha para trás e percebe que se passaram anos até se dar conta de que não fez aquele curso, aquela viagem, aquela “loucura”.
Procrastinação é um sintoma e não uma causa.
Pode estar à frente de um desconforto emocional, do medo, da ansiedade, da depressão, do perfeccionismo, da baixa autoestima. Pode ser um mecanismo de defesa, um comportamento regular que – por mais incongruente que pareça – permitiu ao indivíduo a sobrevivência aos desafios da vida conferindo-lhe uma sensação de “falsa paz”.
A procrastinação também pode ser uma característica genética. Sim, pesquisas cientificas já afirmam a ligação entre o comportamento e fatores neurobiológicos.
Procrastinar é natural do ser humano, todos nós em maior ou menor grau já procrastinamos algo na vida. E vamos procrastinar sempre.
Procrastinação não é sinônimo de preguiça nem de falta de organização.
Preguiça é não ter vontade e os procrastinadores tem vontade à beça, mas se perdem em meio às distrações, sentimentos confusos e a bendita falta de foco. A falta de organização não chega a ser um empecilho para procrastinadores conscientes, o excesso dela sim.
A procrastinação é o ato de deixar para amanhã o que ontem você deixou pra hoje. Sem ter uma razão aparente para isso e ao mesmo tempo ter todas as desculpas possíveis para justificar tal decisão.
Procrastinar é não estar conectado com quem se é, com o efetivo potencial que se tem nem com a real capacidade de materializar objetivos. Mesmo que de forma cautelosa e cadenciada.
Procrastinação é a eterna troca do hoje pelo amanhã, dia este que na prática nunca chega. Amanhã eu faço. Amanhã eu começo. Amanhã eu ligo. Amanhã eu concluo.
Existem inúmeras definições para este hábito que adia sobremaneira a realização de nossos sonhos, mas isso no fundo não importa muito, ao contrário. Pesquisar definições, soluções e ferramentas para combater a procrastinação pode se tornar outra maneira velada de procrastinar, fique atento.
Não se culpe nem se martirize caso perceba que tem procrastinado além do que deveria. Faça como eu, aceite a realidade e trabalhe atenta e conscientemente para mudá-la, com paciência, foco e determinação. Só por hoje.